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HABANERA – VINTE ANOS
            Esta exótica versão la Habanera “Vinte anos”, conquistou as redes sociais. Isaac e Nora, de 11 e 8 anos, aprenderam música graças ao seu pai nascido na Coréia do Sul. A interpretação do clássico cubano acumula dezenas de milhões de vistos em seu canal.
            Esta canção é uma oferenda ao amor romântico, ao amor que sofre influência do tempo, das mudanças fisiológicas, das mudanças nas mais diversas circunstâncias. Pois vejamos a letra:
Que te importa que eu te ame?
Se tu não me queres mais?
O amor que tem passado
Não se deve recordar
Fui a ilusão de tua vida
Um dia muito distante
Hoje representa o passado
Não posso me conformar
BIS
Se as coisas que um quer
Se pudesse alcançar
Tu me quiseste o mesmo
Que vinte anos atrás
Com que tristeza olhamos
Um amor que nos deixou
É um pedaço da alma
Que se arranca sem piedade
BIS
É um pedaço da alma
Que se arranca sem piedade
            Este é um ressentimento comum, muito encontrado nos amantes que chegam até os 20 anos. As transformações corporais, as novas experiências que trazem apelo aos prazeres, ao sexo, fazem motivação para a perda da fidelidade, que é um compromisso central nas relações de amor romântico.
            A minha amada, cheia de amor romântico, faz a leitura ipsis litteris do conteúdo da música. Eu, cheio do amor incondicional, faço a seguinte leitura:
Que te importa que eu te ame?
Se tu não me queres mais?
O amor que tem passado
Não se deve recordar
            Primeiro, devemos esclarecer que tipo de amor que é colocado como pergunta e acusação ao mesmo tempo. Vou colocar aqui o “Amor” com maiúscula como o amor incondicional, e o “amor” sem maiúscula o amor romântico, condicional.
            Eu me importo que me Ame, pois nunca deixei de te Amar, nunca deixei de estar contigo... mas fui sempre rechaçado pela minha forma de Amar.
Fui a ilusão de tua vida
Um dia muito distante
Hoje representa o passado
Não posso me conformar
            O Amor é eterno, nunca cai no esquecimento, nunca se deixa de praticar. O Amor nunca é uma ilusão para quem o pratica, talvez seja para quem o recebe... recebe o Amor pensando ser o amor, e as vezes podem estar bem intricados um com o outro. Mas o amor sempre morre, enquanto o Amor é eterno. Quem ama dessa forma, ao olhar o passado não pode se conformar. Mas quem Ama dessa forma, ao olhar o passado tem a saudade revestida de compreensão e que evoca na alma a lembrança dos mesmos prazeres de outrora. Sem queixas, acusações, ressentimentos... apenas curiosidade pelo que teria sido se tivesse sido Amado da mesma forma.
Se as coisas que um quer
Se pudesse alcançar
Tu me quiseste o mesmo
Que vinte anos atrás
            Se nós tivéssemos nos Amado, jamais estaríamos olhando com tristeza o que se passou há 20 anos conosco. Nós teríamos o mesmo objetivo, de se sentir feliz com a felicidade do outro, mesmo que por alguns momentos o seu Amado estivesse Amando, também, ao lado de outra pessoa. Se num momento do passado, o amor forte que nos envolveu, a paixão animal, fazia querermos ficar juntos um do outro, o Amor que tivéssemos com certeza iria compreender que tudo isso iria um dia passar e naturalmente outras oportunidades de Amar iria surgir, contaminadas ou não pelo amor, mas nunca subordinado a ele.
Com que tristeza olhamos
Um amor que nos deixou
É um pedaço da alma
Que se arranca sem piedade
            Se eu estivesse amando dessa forma, romanticamente, com certeza iria sentir tristeza do amor que me deixou, sentiria também ser arrancado um pedaço da minha alma. Mas, a minha forma de Amar sempre está lutando para criar ou ampliar essa capacidade de Amar em todas as pessoas, principalmente as mais próximas. De mostrar que o amor que muitos experimentam e doam, não tem a magnitude do Amor que é paciente, é bondoso; o Amor que não é invejoso, não é arrogante, não se irrita, não guarda ressentimentos pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
 
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 25/07/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr