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DUPLA CIDADANIA
Sabemos da existência de diversos países e que podemos adquirir a cidadania para nos relacionar com eles de forma mais efetiva. Quanto mais cidadania pudéssemos adquirir melhor para a capacidade de relacionamento, de vivermos mais plenamente nossa cidadania no mundo material.
Existe outra abordagem onde este conceito de dupla cidadania pode ser aplicado. É no que diz respeito ao mundo espiritual. Vivemos aqui na terra em contato direto com o mundo material, e a vida espiritual por se processar em outra dimensão não é considerada por muitos.  Os olhos de constituição material não estão preparados para a percepção dessa outra dimensão, a não serem algumas pessoas com potencial biológico diferente da normalidade (entenda-se normalidade por maioria estatística) conseguem ter essa percepção. Mesmo assim, apesar de relatarem o que vêem nessa outra dimensão, continuam muitas pessoas sem acreditar. Então o ponto chave para essa compreensão é a fé.
Para aceitar a realidade de um mundo espiritual já existem dados de pesquisa com o rigor exigido pela ciência que provam a sua existência. O que não podemos provar dessa forma objetiva, é a existência de Deus. Mesmo assim, muitos que não tem acesso a esses dados, ou mesmo tendo, ainda conseguem elaborar argumentos de dúvida para justificar a defesa da não existência do mundo espiritual, permanecem sem os considerar reais. Assim, são pessoas que existem nas duas dimensões, material e espiritual, obrigatoriamente, pois mesmo eles não crendo que isso seja possível já estão sofrendo os efeitos delas. É como acontece com a Lei da Gravitação Universal. Mesmo que tenha pessoas que não acreditem que ela exista, essa força que faz os planetas girarem de forma harmônica no universo e que nos fazem ficar fixos na terra sem flutuar pelo espaço à deriva, ela está aí exercendo seus efeitos sobre todos.  
Assim, podemos viver nossa vida toda em um só país, naquele em que nascemos, mas com o conhecimento adquirido pelo estudo da geografia, sociologia, política, fotografia, etc. podemos ter uma compreensão muito aproximada dos países que não conhecemos e saber de sua influência em nossa vida pelo balanço de importações/exportações. Tudo isso na dimensão material. Mas nossa razão mostra que existem outras dimensões, mesmo no contexto material, que extrapolam o limite dos nossos sentidos. Basta observar o gráfico do cumprimento de ondas que estão ao nosso redor. Apenas uma pequena fração delas podem ser captadas por nossos sentidos, auditivos e visuais principalmente e o restante passa despercebido. Como aprendemos a construir aparelhos (rádio, televisão, telefonia, etc.) para captar a energia que escapa aos nossos sentidos, os homens instruídos hoje não têm mais dúvida de sua existência. Mesmo que muitos sem instrução básica não tenham compreensão do funcionamento desses aparelhos para eles mágicos.
Quando passamos para a dimensão do extra físico, não vamos encontrar, ainda, aparelhos que demonstrem a sua existência. Mas existem pessoas que possuem uma capacidade inata de perceberem com mais profundidade a realidade desse mundo transcendental e inclusive de passar informações das consciências humanas que o habitam. Podemos utilizar o método científico, como já foi feito, para testar a realidade dos fatos que chegam aos nossos sentidos e assim temos a sua comprovação. Pelas informações que recebemos, que estão coerentes com a razão, com a lógica, entendemos que a vida se processa dentro dessas duas realidades de forma bem íntima e interligadas. Mesmo que o raciocínio da física, da mecânica quântica, aponte para a existência de outras dimensões além dessas, não podemos passar adiante sem compreender essas duas que já estão ao nosso alcance de forma objetiva e subjetiva.
Esse passo compreensivo na evolução do pensamento está se mostrando de grande complexidade. Os poucos que têm essa compreensão não conseguem passar com facilidade essa instrução. Existem diversas religiões que apesar de trabalhar no campo transcendental não chegam a formatar o pensamento para a existência do mundo espiritual de forma neutra, natural e com toda uma hierarquia dos seres inteligentes, como acontece aqui na dimensão material. Podem ter uma religião, mas ainda não adquiriram a cidadania espiritual. E para ter essa cidadania, não é nem necessário ser adepto de qualquer religião, pode até mesmo nem acreditar em Deus.
Eu tenho uma avó que já foi transferida para o plano espiritual, que não acreditava de nenhuma forma que o homem fora à lua. Dizia que as manchetes de jornais, que as  imagens de televisão tudo era uma armação para iludir os “bestas”. Ninguém conseguiu até a sua morte a convencer dessa verdade, que todos nós, mesmo não tendo sido testemunhas do fato, acredita sem dificuldades nas informações que recebemos. Minha avó era uma pessoa analfabeta, bruta e já não pertence a esse mundo material. Mas ainda hoje existem pessoas que mesmo mais cultas, professoras, inclusive, continuam sem acreditar nesse fato marcante para a humanidade. Assim parece acontecer com algumas pessoas no campo transcendental. Mesmo que os fatos existam e sejam comprovados, tanto por pessoas sérias que sabemos não ter interesse na mentira, e até mesmo que sejam comprovadas com o método científico, ficam enclausuradas num ceticismo inabordável.
Confesso que também fui vítima desse ceticismo, da dúvida constante que assolava a minha consciência com relação aos fatos transcendentais. O que salvou a minha capacidade para receber a dupla cidadania, foi o meu senso de justiça. Eu não podia deixar de estudar os fatos transcendentais como os fiz com os fatos do mundo físico. Hoje eu aceito a realidade do átomo sem nunca o ter visto, devido as leituras científicas e de pessoas com credibilidade. Então, porque não fazer o mesmo com os dados transcendentais. Foi isso que forçou a aceitação por minha consciência da verdade dos dados que foram colocados ao meu alcance. Eu não podia exibir razões lógicas para negar essa realidade. Adquiri minha dupla cidadania.
Hoje analiso que minha vida adquiriu uma melhor qualidade comparada ao período que minha consciência vivia apenas no mundo material. Hoje, mesmo sem perceber ainda pelos meus sentidos materiais a existência dessa dimensão transcendental, sei da sua existência e dos seus efeitos sobre a vida de forma geral e a minha em particular. Da mesma forma que respeito a hierarquia que construímos na dimensão material, também respeito a hierarquia que existe na dimensão transcendental, do papel de cada um em cada lado da vida e dos mecanismos evolutivos aos quais estamos submetidos. Podemos até não acreditar em Deus, não é pré-requisito para adquirir a dupla cidadania. É pré-requisito para a paternidade, mas isso já é outra história.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 22/02/2012
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