Jesus estava preparado, como Deus encarnado, a ver as pessoas além das aparências, como Ele fez com Natanael ao vê-lo pela primeira vez e disse: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo.”
Paulo, um ex-fariseu e atual apóstolo do Cristo, traz essa expressão à memória quando escreve na sua epístola aos Romanos (2.29). Ele escreve que a ênfase não está na circuncisão física e sim na circuncisão do coração, realizada pelo Espírito Santo.
O verdadeiro cristão é aquele que é cristão no íntimo, com um coração transformado por Deus, não apenas por cumprir rituais externos.
Paulo argumenta que a obediência à lei, mesmo a lei escrita, não é suficiente se não vier acompanhada de uma mudança interior genuína.
Paulo usa a imagem da circuncisão para se referir a transformação interior que ocorre quando alguém se entrega a Deus e permite que o Espírito Santo opere em sua vida.
Se Deus olha para o coração e não para o exterior de uma pessoa, então faz sentido que não seja uma questão de genética que determina a posição de uma pessoa diante de Deus. Eu mesmo sou o exemplo dessa condição. Meu pai gerou três filhos com minha mãe. Todos nós filhos, temos a tendência genética do nosso pai em namorar de forma demasiada, que pode facilmente ultrapassar os dispositivos culturais. Meus irmãos usam os seus instintos sexuais e outros associados de forma ampla, enquanto eu mantenho a contensão dos desejos, controlados pela vontade de Deus que quero aplicar a partir das intenções no meu coração. Se estamos os três juntos, ninguém consegue distinguir em nós qualquer diferença. Mas quem tem a oportunidade de observar a intimidade de nossas ações logo percebe a diferença. E certamente Deus percebe com facilidade a circuncisão existente em meu coração que separa e distancia os instintos de meu comportamento, capacitando o meu livre arbítrio decidir por fazer a vontade do Pai e não do meu ego.
Essa circuncisão que no passado foi estabelecida por Deus como um sinal visível da aliança com Abraão, indicando que seus descendentes seriam o seu povo escolhido, seria o povo de Deus.
A circuncisão espiritual de hoje tem um significado mais profundo, simbolizando a necessidade de uma transformação interna, uma circuncisão do coração, que envolve abandonar o controle que os instintos exercem sobre nossa vontade na forma de egoísmo, na ação do ego para a preservação do corpo. Agora é o Espírito que deve agir sobre o coração humano, apesar de que nele ainda venham as forcas dos diversos instintos.
Portanto, me considero circuncidado, não pelo bisturi que retira parte do meu prepúcio, mas pela palavra de Verdade dita pelo Cristo que retirou parte da força dos meus instintos.