O físico teórico Jean Pierre Garnier Malete desenvolve em entrevista nas redes sociais o seu pensamento sobre o Desdobramento do Tempo e como este conceito pode transformar a vida da pessoa através da expansão da consciência.
Irei usar a transcrição dessa entrevista para colocar o pensamento do autor com algumas pitadas do meu próprio pensamento, que pode estar equivocado dentro da minha narrativa de vida.
Nossas intuições apontam sempre para um futuro possível que já existe, já está lá no futuro, e que temos o potencial de aceita-lo ou recusa-lo. Essa é a nossa liberdade, mas limitada, pois não temos acesso a todos os potenciais futuros. Porém, a cada instante temos a escolha de dizer não ou sim a cada evento.
Essa é a nossa maneira de viver usando um conceito que não temos consciência. Isso parece contra intuitivo, chamando de futuro o que é na verdade a atualização de um potencial existente e que foi pré-fabricado no passado.
Esses futuros foram feitos durante séculos e séculos, durante o ciclo de Desdobramento do Tempo que dura 25.000 anos. Ao fim do ciclo temos a oportunidade de termos potenciais maravilhosos, mas também de termos potenciais infernais. É preciso saber que somos livres para escolher entre o inferno ou o seu contrário, o magnífico.
Como não sabemos disso, reclamamos de tudo o que é infernal e nunca agradecemos o magnífico que também existe no nosso presente. Ver o inferno na Terra nos distrai mais do que ver o maravilhoso.
Vivemos como marionetes rápidas, recebendo informações 1/3 de segundo antes de cada momento presente. Essa informação foi comprovada por uma experiência que envolve o medo e a reatividade ao suor. O suor liberado pelo medo pela exposição de imagens horríveis dentro de um filme inocente, acontece 1/3 de segundo antes que elas cheguem, demonstrado pelo experimento de Benjamin Libet, neurocientista americano, pioneiro da consciência humana e ganhador de prêmio Nobel. Ele provou que vivemos na antecipação constantemente. O que chamamos de presente está em atraso sempre, mas somos livres pois temos a escolha de dizer sim ou não a cada opção. Vivemos em dois tempos ao mesmo tempo e é preciso recorrer aquele que está no outro tempo, chamado de duplo.
Nós dois que estamos nesta entrevista, estamos em um tempo paralelo onde cada um de nós tem um duplo que é nós em outro tempo, diferentes, que não temos como saber. Temos a sensação de liberdade total, mas somente é verdade se conhecermos a lei.
Se conhecemos essa lei estamos realmente em liberdade, podemos antecipar algo que é bem feito para nós. É preciso deixar o outro que está em outro tempo escolher por nós. Para que seja o outro a escolher por nós, não se deve querer nada que a nossa vontade seja feita, e sim a do outro. Isso lembra a oração cristã, “que seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu”, não a minha vontade, em dois tempos diferentes.
Quando estudamos o desdobramento das partículas/ondas na mecânica quântica compreendemos que estamos vivendo num mundo em desdobramento, onde tudo ao redor está desdobrado, quer seja no nível de partículas ou de um conjunto de partículas.
A experiência da dupla fenda de Yang onde os elétrons se comportam, paradoxalmente, como ondas ou partículas quando passam pela mesma chapa, dependendo do observador, embora não devêssemos esperar tal resultado. Ou seja, o potencial do observador modifica o movimento das partículas. Isso mostra que é o potencial do examinador que modifica o movimento das partículas.
Na escala do nosso mundo que é feito dessas partículas, como isso pode se traduzir? Se é nossa observação sobre as coisas que consolida os potenciais existenciais, sim ou não, o perigo é considerar alguém que fabrica coisas, quando devemos entender que é o outro, nosso duplo, nós mesmos em outro tempo mais rápido, com a melhor síntese do nosso tempo presente, que tem a prioridade.
Chamemos como quisermos a este duplo, nosso Pai, que é próprio para cada um e é o mesmo para todos, que é você, somos nós em outro lugar. Aqui não somos nada, uma carcaça que vai morrer, desaparecer, se decompor para se recompor de outra forma, com outra consciência. É esta consciência que deixou a carcaça que recupera seu duplo que é a coisa eterna, que vive e morre instantaneamente (sono-vigília; morte-vida).
É preciso criar potenciais que não sejam perigosos, porque se pensamos em matar alguém o potencial já está feito antes mesmo da ação e se alguém pode usar esse potencial para matar alguém, sou eu o responsável, pois fui quem inventou o potencial. O que eu penso é terrivelmente criativo e perigoso e ninguém sabe disso. Se eu penso em matar minha sogra e alguém mata a sogra dele, quem é o responsável? Se eu não tivesse inventado o potencial ele não poderia ter feito a morte.
Devemos ouvir o nosso duplo a cada instante. Os cristãos falam de um Pai que está nos Céus, mas todas as religiões falam de um Pai, de um duplo na verdade que é chamado de outros nomes, mas que é absolutamente necessário não ter nenhuma vontade no sentido de que minha vontade cria um potencial. Não sou eu quem deve criar o potencial, é o meu duplo e eu devo simplesmente usar os potenciais que meu duplo cria para sobreviver.
Há potenciais que são perigosos e potenciais que não são, porque tínhamos afinal um mundo que havia criado potenciais perigosos e potenciais não perigosos. Os potenciais perigosos estão fechados em um mundo muito perigoso e se você não tem responsabilidades nesse mundo, pode não viver coisas perigosas. Mas se você criou algo potencialmente perigoso, você é alguém perigoso e só você pode arranjar seus potenciais. É preciso arrumar o que você desarrumou e a encarnação é justamente para isso: arrumar o que desarrumamos para que ninguém possa sofrer com nossos potenciais perigosos.
Isso tudo não é ensinado e ninguém sabe disso. Não precisa estar encarnado para criar um potencial perigoso, basta dar uma informação a alguém que vive encarnado, uma informação antecipativa que faz a pessoa viver a partir dessa informação, faz coisas que não controla mais, mas que o responsável é você que deu a informação.
Os antigos tinham uma bela expressão para isso, a árvore do conhecimento do Bem e do Mal, e não toque senão você morrerá, pois é bendito e maldito.
Vejamos essa teoria do Desdobramento do Tempo, criando um duplo dentro de nossa mente com características positivas e negativas e que podemos criar o potencial e que podemos decidir por qual agir. Bipolaridade? Podemos correlacionar? Podemos ter a capacidade de identificar e optar dentro do Duplo que possuímos?