Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
13/07/2025 00h01
BEM AVENTURANÇAS (II)

            Nós, que nos consideramos pertencer ao seleto grupo de discípulos de Jesus, não podemos pensar que o Evangelho, constituição do Reino de Deus, irá dispensar aleijados e mendigos. Não somente os pobres e humildes que sejam fortes e desassombrados com o bom trabalho serão úteis.



            Se Jesus tivesse fisicamente entre nós, ouvindo essas ponderações, poderíamos ver o Seu olhar profundo a dizer com bondade:



“Amigos, precisamos amar e respeitar a preciosa colaboração dos vencidos do mundo. O Evangelho deve ser a Boa Nova, a mensagem divina para eles, vencidos e explorados, tristes e deserdados da imensa família humana.



            Os vencedores da Terra não necessitam de boas notícias. Nas derrotas da vida as criaturas ouvem mais alto a voz de Deus. Buscando os oprimidos, os aflitos, os caluniados, sentimo-los tão unidos ao Céu, nas suas esperanças, que reconhecemos, na coragem tranquila que revelam, um sublime reflexo da presença de nosso Pai em seus espíritos.



            Já observaste algum vencedor do mundo com mais alta preocupação do que a de defender o fruto de sua vitória material?



            Quem governa o mundo é Deus, e o amor não age com inquietação. Imaginemos que os triunfadores da Terra viessem até nós com suas armas potentes. Imaginemos alguns generais romanos chegando a Cafarnaum, com os seus troféus numerosos e sangrentos, afirmando-se desejosos de aceitar o Evangelho do Reino de Deus e oferecendo-se para cooperar em nosso esforço. Certamente trariam consigo legiões de guardas e soldados, funcionários e escribas, carros de triunfos, espadas e prisioneiros.... Começariam protestando contra as nossas pregações pelas estradas desataviadas, sem adornos da Natureza. Por não estarem, no íntimo, desarmados das vaidades das vitórias, edificariam suntuosos templos de pedra, em cuja construção lutariam duramente por hegemonias inferiores; uns desejariam palácios soberbos, outros empreenderiam a construção de jardins maravilhosos. Recordando a ação das espadas mortíferas, talvez pretendessem disputar a ferro e fogo o estabelecimento do Reino de Deus, exterminando-se reciprocamente, por não cederem uns aos outros em seus pontos de vista, desde que cada vencedor se julga, no mundo, com maior soma de direitos e de importância. A pretexto de lutarem em nome do Céu, espalhariam possivelmente incêndios e devastações em toda a Terra. E seria justo trabalhássemos por cumprir a vontade do nosso Pai, aniquilando seus filhos, nossos irmãos?



            Até que a esponja do Tempo absorva as imperfeições terrestres, através de séculos de experiência necessária, os triunfadores do mundo são pobres seres que caminham por entre tenebrosos abismos. É imprescindível, pois, atentemos na alma branda e humilde dos vencidos. Para os seus corações Deus carreia bênçãos de infinita bondade. Esses quebraram os elos mais fortes que os acorrentavam às ilusões e marcham para o infinito do amor e da sabedoria. O leito de dor, a exclusão de todas as facilidades da vida, a incompreensão dos mais amados, as chagas e as cicatrizes do Espírito são luzes que Deus acende na noite sombria das criaturas.



            É necessário que amemos intensamente aos desafortunados do mundo. Suas almas são a terra fecundada pelo adubo das lágrimas e das esperanças mais ardentes, onde as sementes do Evangelho desabrocharão para a luz da vida. Eles saíram das convenções nefastas e dos enganos do caminho terrestre e bendizem do nosso Pai, como sentenciados que experimentassem, no primeiro dia de liberdade, o clarão reconfortante do sol amigo e radioso que os seus corações haviam perdido! É também sobre os vencidos da sorte, sobre os que suspiram por um ideal mais santo e mais puro do que as vitórias fáceis da Terra, que o Evangelho assentará as suas bases divinas!...”


Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/07/2025 às 00h01