Mesmo que o mundo esteja coberto de trevas, que a mentira soterre a Verdade e que as guerras ou indiferenças na humanidade coloque algemas na fraternidade, o Mestre Jesus de Nazaré, o Salvador de nossas almas, continua conosco. A sua presença espiritual, como Ele mesmo disse que faria, está sempre entre nós.
Quando buscamos restaurar a esperança e a fraternidade, e construir o santuário do amor em nossos corações, sempre teremos a participação efetiva do Mestre ao nosso lado.
Mas como é difícil a construção desse santuário interior. Possuímos instintos com grande força biológica que deseja os prazeres corporais com toda a intensidade. Mas ao nosso lado está o Mestre, sempre compassivo, misericordioso às nossas misérias, quando percebe a resistência do coração que quer fazer com pureza a vontade do Pai, mas que está atolado na lama dos nossos desejos mais sórdidos.
O Mestre está atento à borrasca que se passa em nosso interior, enquanto a alma solitária se agarra no convés da Barca da Salvação para não ser jogada nas profundezas do mar revolto, prazeroso e destruidor.
Essas ondas de estímulos impróprios aguçam meus desejos instintivos e fazem minha alma pedir socorro ao Mestre: “acuda-me, Senhor, estou prestes a ser levado pelos ventos desembestados.
O Mestre, aparentemente adormecido, de repente abre os olhos e me fita. Por mais que a tormenta ruidosa me ameace à Salvação, à vista do Cristo pacifica; por mais negra que seja a sombra, o Cristo ilumina; por mais que a força da natureza ameace a minha santidade, o Cristo reina acima de tudo.
Por que sou merecedor de tamanha graça? Logo entendo que a missão do Mestre depende também de mim, como de tantas pessoas de boa vontade. Ele espera que a nossa vida material sed cumpra dentro dos desígnios espirituais do Pai. espera que os talentos e recursos que o Pai nos deu sejam usados na concretização da paz, da família universal, na construção do Reino dos Céus.
Ele pede que nós sejamos o combustível para a luz crística que nos é fornecida, que mantenhamos o curso do nosso destino em direção ao Bem, para a construção de frutos saudáveis e revigorantes para todos os nossos irmãos.
Percebo com clareza a ideia divina do Cristo, requisitando meus braços e pernas para entrar em qualquer ambiente, e levar o Bem a qualquer pessoa, com qualquer gênero ou idade, que seja individual ou coletivo.
A bênção que vem do Céu requisita meus braços humanos e a tantos que chegam e se associam no caminhar do progressismo espiritual.
Escuto o chamamento do Mestre por onde vou, como se Ele vivesse em mim, e não eu. Não posso temer a incompreensão, as críticas, as injúrias e decepções daqueles que não sintonizam com a sintonia que tenho com Deus, e chegam a imaginar que tudo acontece por influência do Maligno, como se uma força trevosa de repente se apoderasse de mim para construir aquilo que ela quer destruir: a salvação de nossas almas! Não é incoerente?
Enquanto a perturbação se alastra, envolvente, e enquanto a ignorância e o egoísmo conluiados erguem trincheiras de incompreensão e discórdia entre as pessoas, as fronteiras do Além se tornam acessíveis às Forças do Bem que acessam o coração de quem está procurando a sintonia honesta com a vontade de Deus.
Que o exemplo dos primeiros apóstolos nos inspire hoje à simplicidade e ao trabalho, a confiança e ao amor, que saibamos abdicar de nós mesmos em serviço do Divino Mestre. Que saibamos como eles transformar espinhos em flores e pedras em pães, pois eles tinham o Mestre em corpo físico e nós o temos agora em Espírito.
Hoje, como ontem, o Mestre está conosco, mas não participa de nossas guerrilhas de palavras, das nossas tempestades de opinião, do nosso fanatismo sectário e do nosso exibicionismo nas obras de casca sedutora e miolo enfermiço.
O Salvador de nossas almas, acima de tudo, espera de nossas vidas o coração, o caráter, a conduta, a atitude, o exemplo e o serviço pessoal incessante, como recurso da nossa cooperação na companhia dEle, na edificação do Reino de Deus.
Ave, Cristo! Nós, que aspiramos a glória de servir em Teu nome, deixamos a gerência dos nossos corpos a Tua divina sabedoria para cumprir a vontade do Pai.