Finalmente, iremos entrar na última parte da longa resenha do escritor jornalista Johnson sobre Marx.
Para entender o Marx supostamente cientista, Johnson cita o filósofo Karl Jaspers: “O estilo dos escritos de Marx não é o do investigador (…). Ele não cita exemplos ou expõe fatos que se opõem a sua teoria mas apenas aqueles que provam ou confirmam aquilo que ele considera como a verdade última. Toda a sua abordagem é no sentido da justificação, não da investigação, mas trata-se de uma justificação de algo declarado como sendo a perfeita verdade com a convicção não do cientista, mas do crente”.
Assim, frisa Johnson, os dados não eram centrais ao trabalho de Marx. “Eles estavam subordinados, reforçando conclusões que já tinham sido alcançadas independentemente deles. ‘O Capital’ deveria ser visto como um exercício de filosofia moralista. Trata-se de um sermão gigantesco e no mais das vezes incoerente, um ataque ao sistema industrial e ao princípio de propriedade feito por um homem que tinha criado um ódio intenso, embora essencialmente irracional, em relação a ambos. Curiosamente, essa obra não tem um argumento central que atue como um princípio organizador. (…) O único volume que ele chegou a escrever não possui de fato nenhuma forma coerente; trata-se de uma série de exposições isoladas arrumadas numa ordem arbitrária”.
O leitor que acha ‘O Capital’ chato, confuso e enfadonho não é estulto, julga Johnson. “Engels reescreveu um quarto do texto. O resultado são 600 páginas enfadonhas e confusas sobre a circulação do capital e principalmente sobre as teorias econômicas da década de 1860.” O que parece complexo é, no dizer de Johnson, pura confusão razoavelmente amarrada. “O Capital” seria uma construção com pilastras não muito sólidas.
Por que Marx não concluiu “O Capital”? Não foi porque morreu em 1883, sugere Johnson. “Na verdade, não houve nada que tivesse impedido Marx de terminar, ele próprio, o livro, a não ser falta de força de vontade e a consciência de que ele simplesmente não tinha coerência”. “O Capital” é, na versão de Johnson, uma profecia, não uma análise científica.
“Toda a primeira parte da análise científica de Marx acerca das condições de trabalho no capitalismo em meados da década de 1860 se baseia numa única obra, o livro de Engels ‘A Situação da Classe Operária na Inglaterra’, publicado 20 anos antes.” As fontes de Engels, explica Johnson, estavam defasadas. “Ao apresentar os números estatísticos relativos aos partos de crianças ilegítimas, os quais eram atribuídos aos turnos da noite, deixou de declarar que eles datavam de 1801. Citou um trabalho sobre as condições sanitárias em Edinburgh sem deixar que seus leitores soubessem que tinha sido escrito em 1818. Em várias ocasiões, omitiu dados e acontecimentos que invalidavam completamente suas informações obsoletas.”
O implacável Johnson afirma que Marx era, como intelectual, desonesto, falsificador de estatísticas e plagiário.
Escreve Johnson: “Com o objetivo de tirar a classe operária inglesa de sua apatia e, por conseguinte, ansioso para provar que as normas existentes estavam perdendo o valor (isso num discurso inaugural para a Associação Internacional de Trabalhadores, em 1864)”, Marx “falsificou intencionalmente uma frase do discurso de 1863 de W. E. Gladstone relacionado com os gastos orçamentários. O que Gladstone disse, ao comentar o aumento da riqueza nacional, foi: ‘Eu deveria encarar quase com apreensão e com pesar esse aumento inebriante da riqueza e do poder se achasse que tal aumento se limitou à classe que está em condições mais favoráveis’. Porém, acrescentou ele, ‘a situação geral dos trabalhadores britânicos, como temos a felicidade de saber, melhorou ao longo dos últimos 20 anos num grau que, como sabemos, é extraordinário, e que devemos declarar como sendo sem paralelo na história de qualquer país em qualquer época’”.
Em seu discurso, Marx atribuiu a Gladstone as seguintes palavras: “Esse aumento inebriante de riqueza e poder se limita inteiramente às classes proprietárias”. Na mesma época, a citação incorreta de Marx foi apontada. Mas ele a reproduziu em “O Capital”. Quando criticaram a falha no livrão, Marx ficou uma fera, desconversou e nada corrigiu. É a velha história stalinista (Marx foi stalinista antes de Stálin): quem aponta falhas de esquerdistas vira logo reacionário. Johnson acrescenta que “Marx falsificou citações de Adam Smith”.
Na década de 1880, dois estudiosos de Cambridge descobriram falhas graves em “O Capital”. Verificando as referências de Marx, ficaram alarmados com as discrepâncias entre o original e a citação. “Num dos grupos de erros, descobriram que as citações tinham sido, amiúde, ‘abreviadas por conveniência por meio da omissão de passagens que provavelmente iriam contra as conclusões que Marx tentava provar’. Um outro grupo ‘consiste em reunir citações fictícias a partir de afirmações isoladas que constam de diferentes partes de um relatório. Essas afirmações eram então apresentadas entre aspas ao leitor como se fossem citadas diretamente dos próprios livros azuis’.” Os estudiosos concluíram se tratar de “um descaso quase criminoso no uso de fontes autorizadas”
Eis, finalmente, o perfil de um grande ideólogo contemporâneo, aquele cujas obras, lidas ou não lidas, servem de instrumento (marxismo) para a destruição do cristianismo, o instrumento que criou a civilização ocidental.
Será que podemos desconstruir um castelo edificado sobre a mentira e voltar a nos reconduzir pela Verdade?