Sióstio de Lapa
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Meu Diário
21/05/2025 00h01
PRIMEIRA PERGUNTA - CLÍNICA

            Atendendo o convite do professor Marco Fulco para uma entrevista em seu programa na TV União, “Saúde é tudo” preparei essas perguntas...

 

 

            Professor Francisco Rodrigues, o senhor foi formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, fez pós-graduação em Ciências (Psicofarmacologia, Mestrado e Doutorado) pela Escola Paulista de Medicina, atual Universidade Federal de São Paulo. Fez trabalhos na pesquisa básica com ratos e camundongos sobre os efeitos de substancias químicas na biologia animal. É atual professor na UFRN, no Departamento de Medicina Clínica, ministra aulas na disciplina de psiquiatria e coordena a disciplina opcional de Medicina, Saúde e Espiritualidade e também a disciplina opcional de Construção da Personalidade. Faz assistência clínica na Psiquiatria e se observa um desvio dos seus interesses acadêmicos do campo materialista da ciência para o campo abstrato da espiritualidade. A que se deve isso?

 

 

 

 

            Obrigado, caro professor Marco Fulco, pelo acolhimento em seu programa e pela pergunta. Obrigado pela audiência dos seus telespectadores em busca de informações que tragam reflexões úteis para o ajuste nas narrativas de vida que cada pessoa possui dentro dos diversos relacionamentos interpessoais e institucionais. Realmente, entrei no mercado de trabalho depois de minha formação profissional, com toda bagagem científica que recebi, e fui exercer a Psiquiatria. Logo percebi que essa bagagem científica era insuficiente para curar meus pacientes de suas doenças. Quem acendeu logo a luz vermelha de advertência na minha consciência foi o Alcoolismo, uma doença aparentemente simples, invisível, que só se manifesta se a pessoa vai em busca da substância que se tornou veneno, para si e para as pessoas do seu entorno. Não encontrava nos livros de farmacologia, nos trabalhos de pesquisa, nenhum remédio capaz de reduzir da mente da pessoa o desejo que se transformava em compulsão da busca pela ingestão de álcool, quer seja nas diversas formulações industriais, cervejas, vinhos e destilados, e até mesmo em produtos variados como perfumes, combustíveis, etc. Eu me sentia impotente, enquanto médico com pós-graduação na área e perdendo pacientes, literalmente, mesmo fazendo consultas, prescrevendo fármacos, fazendo psicoterapias com minha formação em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), e internado em hospitais psiquiátricos. Com todo esse aparato técnico-científico minhas pequenas vitórias eram vergonhosamente derrotadas pelos amplos fracassos. Foi nessa caminhada deprimente que encontrei os grupos de Alcoólicos Anônimos. Verifiquei que o sucesso que eles tinham na recuperação de vida daqueles que se consideravam alcoólicos era bem mais significativo de que os meus resultados, assim como o resultado obtido em qualquer estabelecimento de saúde que usava todos os recursos científicos e tecnológicos. O que fazia o sucesso desses grupos? Descobri que estava contido no segundo passo que eles aplicavam nos seus membros: “Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade”. Este era o único ponto que a academia não considerava nas diversas formas de psicoterapia que empregava, a ciência não conseguia trabalhar com o conceito de Deus. Era por demais abstrato para uma técnica de essência materialista. Mas eu tinha compromisso com meus pacientes, com as pessoas que pagaram por minha formação, e agora esperavam por uma solução vinda de mim. Este foi o gatilho, a placa de sinalização que levou ao meu desvio de interesse, da materialidade para a espiritualidade.

 

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/05/2025 às 00h01