Antes do atual papa, Leão XIV, ser eleito no dia 08-05-25, assisti o filme “Santo Agostinho” no Youtube, com 3h27m de duração. Como o Papa se declarou agostiniano, é importante fazer essa correlação com o filme para se ver o comportamento do mestre com seu discípulo em tempos tão tempestuosos para fé como são os dias atuais.
Este trecho do filme que vou reproduzir agora se passa quando Agostinho encontra o famoso advogado Macróbio, indicado para ser o seu mestre.
Agostinho - Eu vi o senhor fazer uma coisa incrível, fez todos pagarem os impostos com satisfação.
Macróbio - É por isso que os governantes me chamam para suas assembleias.
A - Você continuava a repetir, não são palavras, são fatos, e eu compreendo porquê... então eu me perguntei: o que tem um orador como o senhor? Nada mais que palavras, uma arma fraca. Então, como se pode torna-la mais forte? Simples. Faça seus ouvintes acreditarem que não são apenas palavras. O senhor reiterou várias vezes, não são apenas palavras, são fatos. E suas palavras aos poucos se tornaram fatos. De fato, tudo que disse se tornava verdade.
M - Eu posso fazer de você um bom advogado, um grande orador, isso só depende de você. Você sabe qual a diferença entre um grande orador e um orador comum?
A – O talento
M – Não. Sua coragem.
A – Por que?
M – Um dia descobrirá. Então? Vamos começar! Ovos cozidos, anchovas, carne vermelha na brasa e uma taça grande de leite de cabra. Músculos! Tem que entrar em forma. Um orador tem que ter na voz a nota de uma colheita. Não o frágil murmúrio de uma flauta. Demóstenes era gago. Ele se obrigou durante meses a falar com uma pedra na boca. Ele se tornou o grande orador de seu tempo. Não há nada mais importante do que isso. Na oratória não há nada mais importante do que isso. Saber o que dizer não é o bastante, sim saber dize-lo bem. Não é preciso inventar nada, tudo que preciso já foi inventado por eles (Cícero, Demóstenes, etc) há muito tempo. Respire! Um orador deve saber como falar horas a fio, acompanhando as palavras com movimentos de todo corpo como um ator, como um dançarino, como se estivesse participando de uma guerra, um soldado, porque no Tribunal se participa de uma guerra. são as palavras que vencem a guerra. você será o ator principal. Este é o grande teatro (apontando para o Tribunal), aqui se coloca em cena o espetáculo no qual você será o ator principal. Vamos lá.
A cena se passa no Tribunal onde Agostinho defende um cliente.
Agostinho – Testemunhas acusam Getúlio de ter tentado assassinar sua esposa. Pessoas conhecidas relataram ameaças feitas por Getúlio em relação a ela. E a promotoria afirma categoricamente ter evidências que incriminam Getúlio. Testemunhas que acusam; conhecidos que relatam; promotores que sustentam. Quantas palavras! Como pretender que ouçam as minhas agora? Acho que vocês já engoliram muito mais do que poderiam digerir (a plateia rir). Eu proponho o seguinte: coloquemos essas palavras de lado. Vamos coloca-las de lado e ouçamos apenas nossos corações. A resposta está lá e não aqui onde advogados, juízes e acusados estão. É lá, nos corações, que podemos diferenciar a verdade da mentira, as palavras dos fatos. Mas não ouçam a mim, ouçam a vocês mesmos e achamos as respostas para as perguntas em nossos corações. Alguém mostrou aqui a arma para a tentativa desse homicídio? Não! Essas não são palavras, são fatos. A mulher do acusado tem algum ferimento que prove que alguém tentou mata-la? Não! Isso é fato! Não são palavras, são fatos. O acusado tem alguma evidencia criminal que possa reforçar as acusações que são feitas contra ele? Não. Isso são fatos! Não palavras. Vocês foram forcados a ouvir muitas palavras. Ao invés de deixarem ecoar as vozes das testemunhas, advogados e juízes em seus corações, escutem somente a voz digna da fé. A voz dos fatos! (aplausos generalizados e constantes, uma vitória de argumentações)
Reflexões de Agostinho. “Meus estudos estavam focados ao foro litigioso onde a glória era proporcional a habilidade de convencer. Nessa época eu estava entre os melhores e estava cheio de arrogância. Eu ansiava a notoriedade pelo simples e deplorável propósito de satisfazer minha vaidade humana. Minha alma estava doente, coberta de chagas, infeliz, ávida de tocar e deixar-se tocar miseravelmente por coisas sensíveis. Mas desses se não tivessem alma, com certeza não seriam amados. Era para mim era mais doce amar e ser amado quando podia gozar do corpo da pessoa amada, assim, eu sujava aquela fonte pura de amizade com a luxúria.