“Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.”
— (TIAGO, capítulo 4, versículo 8.)
Cada homem tem a vida exterior, conhecida e analisada pelos que o rodeiam, e a vida íntima da qual somente ele próprio poderá fornecer o testemunho.
Este é o duplo ânimo do qual fala o apóstolo Tiago: o exterior, o qual todos podem ver, por isso o ato de lavar as mãos é indicativo de que somos higiênicos, que temos bons hábitos; mas o ânimo interior é particular, somente nós conseguimos ver, onde está guardada a nossa caixa preta.
O mundo interior é a fonte de todos os princípios bons ou maus e todas as expressões exteriores guardam aí os seus fundamentos. Quando nos dedicamos a um trabalho voluntário, conforme o que fazemos na comunidade da Praia do Meio através da AMA-PM, é um reflexo dos princípios bons do nosso ânimo interno, onde se expressa a força do coração.
Em regra geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, necessitadas de retificação para purificar nossos corações.
Mas o trabalho de purificar não é tão simples quanto parece. Sempre aparece o dragão de sete cabeças, os sete pecados capitais (gula, preguiça, luxúria, ira, avareza, soberba, inveja), as quais sempre nos atinge e por isso somos sempre pecadores.
Será muito fácil a gente confessar a aceitação de verdades religiosas, operar a adesão verbal a ideologias edificantes, como estamos fazendo agora com a nossa reunião e leitura deste texto... Outra coisa, porém, é realizar a obra da elevação de si mesmo, valendo-se da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.
Por que não encontramos tempo para ir a um culto, a uma feira, a uma visita a um necessitado que reconhecemos... será a preguiça nos vencendo? Por que ficamos revoltados quando o irmão pela ignorância nos prejudica de alguma forma... é a ira nos vencendo? Por que não ser mais dadivoso quando podemos e a oportunidade aparece... é a avareza nos vencendo? Por que surge na mente um forte desejo quando vemos uma bela pessoa para ter prazer com ela... é a luxúria nos vencendo? Por que nos alimentamos além do necessário com alimentos inadequados e fora de horários... é a gula nos vencendo? Por que passamos por pessoas humildes como se fossem invisíveis... é a soberba nos vencendo? Por que nos incomoda a alma o sucesso do irmão... é a inveja nos vencendo?
O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto e aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos, mas que não esquecêssemos a luta contra o dragão dos sete pecados que reside em nós, progredindo espiritualmente no Caminho da Verdade para a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas conhecido por nós, aprendizes do Cristo, na soledade indevassável de nossos pensamentos.
Assim, Tiago, o companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão-somente à custa de palavras brilhantes.
Aproximemo-nos de Deus, pela fé, oração e ação, e Ele se aproximará de nós.
UFRN/CCS/HUOL/DMC/Foco de Luz/AMA-PM/Cons. Consultivo em 28-04-25