Meu Diário
13/09/2013 00h01
A CARIDADE

            O Baghavad Gita diz que a caridade é própria dos pais de família. Que os pais de família devem subsistir por meio de métodos honestos e aplicar 50% de sua renda em propagar a consciência de Krsna por todo o mundo. Assim o pai de família deve fazer caridade a sociedades institucionais que desenvolvem esse tipo de atividade. A caridade deve ser dada a pessoa certa. Há diferentes tipos de caridade, no modo da bondade, paixão e ignorância. A caridade no modo da bondade é recomendada pelas escrituras, mas não se recomenda a caridade nos modos da paixão e da ignorância, que é um simples desperdício de dinheiro. Deve-se fazer a caridade apenas para propagar a consciência de Deus por todo o mundo. Esta caridade está no modo da bondade.

            Essa lição do Baghavad Gita me traz um alívio à consciência, pois eu quero ser caridoso, mas resisto fortemente a dar uma moeda aquelas pessoas que ficam nos cruzamentos, geralmente oferecendo serviços de limpar para-brisas. Penso que a moeda por menor que seja, pode ser desviada para uso de drogas ou para alguém inescrupuloso que operaciona à distância os mais fracos numa forma de escravidão. Então, por mais que eu decida racionalmente que devo ser caridoso, não importando qual seja o destino que seja dado àquela moeda, algo mais forte me trava e não consigo fazer esse tipo de caridade. O Bhagavad Gita dá essa orientação que alivia a minha consciência, fico coerente com a ajuda que já presto às instituições. Devo ter preocupação sim, com essas pessoas dos semáforos, encontrar uma forma de ajudá-los sem estar ajudando aos seus vícios ou a pretensos exploradores. Uma instituição deve assumir essa responsabilidade e ver onde cabe a caridade no modo da bondade com essas pessoas.

            Mas tudo ainda não é tão simples, a caridade mesmo no modo da bondade é um ato difícil, pois implica em tirar algo que é nosso para dar ao outro sem nenhum tipo de recompensa material, quando é feito no modo da bondade. É semelhante a aplicação do Amor Incondicional. No exato momento que estava digitando este texto, recebo uma ligação da ex-mulher do meu primo, que sempre procura minha ajuda quando se acha necessitada. Ela mesma realça a minha bondade em tanto lhe ajudar sem eu ter com ela nenhum parentesco, não esperar dela nenhuma recompensa material pela ajuda. De início sobe à consciência certa resistência e tendência em cortar esse tipo de ajuda que algumas pessoas consideram como exploração. Mas está registrada em minha consciência uma ajuda valiosa que o seu ex-marido, meu primo, fez para mim, conseguindo me matricular numa escola pública para que eu terminasse o segundo grau e me habilitasse para a Universidade. Nem o meu próprio irmão fez qualquer gesto mais eficaz para me ajudar. Foi somente ele que fez de tudo para me ajudar, como era o seu jeito com todas as pessoas. Mas comigo ficou gravado no mármore da minha memória esse benefício e que até hoje não se apaga. Ele morreu precocemente devido o alcoolismo, mas o efeito de sua boa ação continua reverberando em meu coração. Qualquer parente seu ou pessoa amiga que o ajudou enquanto vivo, eu tenho uma consideração especial e a caridade não se deixa intimidar pelo possível mau uso que possa ser feita com minha ajuda. Considero ainda que esteja atuando no modo da bondade.


Publicado por Sióstio de Lapa em 13/09/2013 às 00h01
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